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“Cartório é sim uma empresa, regulamentada, mas é”, diz consultora de Finanças da TAC7

28 de set de 2020

Lucro, gastos, riscos, saúde financeira, relatório de Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), familiares nas finanças do cartório, indicadores econômicos, fluxo de caixa futuro. Tabeliães lidam cotidianamente com os diversos desafios da gestão financeira em suas serventias. Em entrevista para a Academia Notarial Brasileira (ANB), Daniela Sciascia, especialista em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), fala sobre o livro “Finanças para Cartórios”, obra realizada em parceria com Talita Caldas, criadora da consultora financeira TAC7, e suas experiências em consultorias a serventias extrajudiciais.

ANB – Como se deu a iniciativa de escrever o livro?

Daniela Sciascia – Depois de diversos atendimentos para melhorar as finanças do cartório, decidimos compilar as melhores informações e colocamos da maneira mais didática possível para que eles sigam, de forma autônoma, um passo a passo. A ideia do livro é ser um guia, pois foram escritos vários exemplos práticos de construção de relatórios e indicadores.

 

ANB – Qual a relevância do tema?

Daniela Sciascia – Apesar de assumirem uma serventia, muitos titulares não se consideram empresários. O cartório é sim uma empresa, regulamentada, mas é. Infelizmente, o edital do concurso quase nada solicita a preparação dos titulares nesse sentido, então, esse livro tem por objetivo mostrar aos responsáveis informações objetivas sobre gestão financeira para manter a viabilidade do negócio. Nosso foco é a parte gerencial das finanças, pois é preciso gerenciar os gastos (já que não eles podem estimar a receita) e tomar decisões com base em números produzidos pelas análises gerenciais. Essa é uma metodologia utilizada mundialmente por empresas de todos os portes, principalmente porque é preciso saber a saúde financeira da organização.

 

ANB – Como a organização das finanças se relaciona com o trabalho de um tabelião?

Daniela Sciascia – Os titulares já trabalham com o livro caixa. A questão é saber analisar esses números para tomar as melhores decisões. Quanto mais organizados, melhor para gerar os indicadores. Ensinamos no livro tanto a organização quanto a análise desses indicadores financeiros, além de criar o planejamento orçamentário. Assim, poderão contar com relatórios de apoio financeiro realmente úteis. O titular precisa fazer a gestão com base em indicadores e metas financeiras.

 

ANB – Como o assunto deve ser tratado em um momento de crise, como o que estamos passando com a Covid-19?

Daniela Sciascia – Vale ressaltar que estamos passando por um momento bem crítico e, em momento de crise, mais do que nunca, a organização financeira e o planejamento devem caminhar juntos. É importante que o titular de cartório tenha uma visão mais gerencial (de negócio, além do jurídico), que ele realmente faça a gestão financeira do cartório. A contabilidade gerencial (gestão de custo) é uma mudança de comportamento e a leitura dos indicadores financeiros com o acompanhamento do planejamento financeiro precisa se tornar um hábito diário. Estas análises podem dizer muito sobre a saúde financeira do cartório e do titular também (pessoa física), uma vez que para muitos é a única fonte de renda. As unidades que possuem um bom planejamento cuidam não só das finanças, mas dos investimentos na equipe, nos processos, e tendem a oferecer melhores serviços ao público, deixando um legado na sociedade.